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  • Foto do escritorAureo Banhos

Mais fêmeas do que machos na população de harpias na natureza do nascimento à vida adulta


As proporções entre machos e fêmeas na fertilização e concepção (proporção sexual primária), nascimento (proporção sexual secundária) e durante a idade adulta (proporção sexual adulta) influenciam as histórias de vida de organismos que se reproduzem sexualmente. Espécies que exibem dimorfismo sexual reverso em tamanho, no qual as fêmeas são maiores que os machos, podem implicar em maior custo de produção de fêmeas ou menor sobrevivência de fêmeas, gerando razões sexuais primária, secundária e/ou adulta enviesadas para machos.

A harpia é uma das maiores águias do mundo que exibe dimorfismo sexual reverso. Esta espécie é encontrada nas florestas das Américas Central e do Sul e está ameaçada de extinção em toda sua distribuição de ocorrência. Nós usamos marcadores moleculares para determinar o sexo de 309 harpias abrangendo diferentes estágios de vida – filhotes, subadultos e adultos – dos anos 1904 a 2021, na Amazônia e na Mata Atlântica.



Nossos resultados revelaram uma maior proporção de fêmeas nas três fases da vida da harpia, nos intervalos de anos e nos dois biomas. Os resultados sugerem que o viés populacional para fêmeas é um padrão ecológico evolutivo da harpia, e que as razões sexuais secundária e adulta provavelmente são consequência da razão sexual primária.


Embora existam mais harpias fêmeas do que machos na natureza, as proporções de machos e fêmeas se reproduzindo na população adulta podem estar equilibradas. Isso ocorre porque os machos amadurecem sexualmente mais cedo e permanecem reprodutivamente ativos por um período mais longo, ou seja, os machos têm um tempo de vida reprodutiva mais extenso do que as fêmeas.

Fases de vida da harpia: (a) filhote; (b) subadulto e (c) adulto: à esquerda, o macho, à direita, a fêmea. Ilustração: Vinicius Fanhani.

Uma melhor compreensão da história de vida da harpia pode contribuir para a compreensão da evolução dos papéis sexuais e permitir estratégias de conservação mais adequadas para a espécie.


O trabalho foi iniciado em 2005, durante o doutorado de Aureo Banhos, no Programa de Pós-graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva (PPGBAN), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Desde lá, os dados ainda foram analisados em dois mestrados, um pelo biólogo Renan Coser, pelo PPGBAN/INPA, e outro pela bióloga Mylena Kaizer, pelo Programa de Pós-graduação em Zoologia (PPGZOO) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O trabalho foi concluído em 2022 quando Aureo Banhos, como professor da Universidade Federal do Espírito Santo, realizou seu estágio de pós doutorado no PPGZOO da UFAM. Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Genética e Evolução Animal (Legal) da UFAM.


O trabalho foi orientado pelos professores Izeni Pires Faria e Tomas Hrbek, da UFAM, e pela pesquisadora e coordenadora do Projeto Harpia, Tânia Sanaiotti, do INPA. O trabalho contou também com a colaboração das pesquisadoras Waleska Gravena, da UFAM, e Helena Aguiar, do INPA. Diversas instituições, como museus, zoológicos e órgãos ambientais, além de pessoas no campo, colaboraram coletando ou cedendo amostras para as análises.



Fotos: Projeto Harpia Mata Atlântica, Carlos Tuyama/ProjetoHarpia, João Marcos Rosa.

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